A Ação Preventiva na Sala de Aula
No século XVI, Nicolau Maquiavel deliberou escrever um livro contendo instruções que orientariam o monarca de um país a bem regular, de maneira a conservar-se no governo e realizar uma administração aceitável por seus súditos. De modo bastante transparente, aliás, a motivação principal foi escrever um manual de conduta para o príncipe que unificaria a fragmentada Itália de então.
Entendendo haver similitudes entre as ações dos príncipes, e dos governantes de um modo geral, e os atos peculiares ao professor em sua atividade docente no interior de uma sala de aula, resolvi ler cuidadosamente o referido livro composto por Maquiavel, intitulado O Príncipe.
Confirmando ali as muitas semelhanças que suspeitara, muito tempo depois da primeira leitura tomei a resolução de extrair dele todas os principais preceitos úteis aos docentes, e, mediante uma breve aplicação de cada um deles ao nosso contexto, compor um material que estivesse embebido, de certa maneira, da mesma causa que motivou o secretário florentino: Servir ao professor como manual de cabeceira para lhe guiar as ações no seu espaço de trabalho, onde é o governante.
Nesta primeira postagem que farei sobre a temática do livro que compus, elencarei um tópico tratado em meu livro, e a partir dele desenvolverei de modo bastante abreviado uma aplicação ao nosso trabalho na docência. Leiamos o excerto a seguir:
Os romanos, vendo de longe as perturbações, sempre as remediaram e nunca as deixaram seguir o seu curso, para evitar guerras, pois sabiam que a guerra não se evita, mas, se é protelada, redunda sempre em proveito de outros. (cap. III, O Príncipe, Maquiavel)
Muitos educadores repugnam com veemência discursos que colocam os alunos da escola básica, nomeadamente as crianças e os adolescentes, como potenciais promotores de desordem, brigas, desorganização e caos.
O meu tempo de docência em escolas públicas estaduais proporcionou-me uma experiência tal com estudantes, com sala de aula, e com escola em seu espaço mais amplo, que não me permite sequer imaginar que esses tais educadores exerçam suas funções laborais como professores. Eles podem até lidar com assuntos relacionados à educação, mas jamais com alunos – à exceção de uns poucos, é claro, pois sempre existem remanescentes.
Ao falar da atitude dos romanos, maior e mais poderoso império dos primeiros séculos da Era Cristã, ao ressaltar as ações preventivas que levavam a cabo a fim de evitar confrontos bélicos traumáticos, Maquiavel ensina-nos, enquanto administradores de pessoas, a como proceder a fim de evitar embates mais contundentes.
Em suma, o professor prudente tem, como urgente e inadiável dever, visando ao proveito não apenas dele, como de todos da turma, de estar em completa vigilância e atenta observação aos movimentos dos alunos dentro da sala de aula, especialmente quando galopam rumo à subversão, revolta, animosidades e dissensões.
O Regente: 22 Lições de Maquiavel ao Professor. Editora Penalux, 2021.
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