Barões e Ministros na Sala

 

               Salas de aula, como são de se esperar, comportam uma ampla gama de personalidades, de gostos, preferências, predisposições, formas de se ver o mundo e de se lidar com ele. Há alunos de postura recatada, mais inclinados a ouvir e a respeitar as hierarquias, mas também existem aqueles menos propensos a obedecer os ordenamentos preexistentes. Antes de prosseguir, necessário torna-se ponderar que a análise que aqui efetuo não visa estabelecer marcos e definições precisas das múltiplas peculiaridades dos indivíduos que frequentam a escola; ao contrário, as considerações que teço procuram ir apenas um pouco além do senso comum, caracterizado pela aceitação irrefletida de tudo.

               Diante de tamanha diversidade de características, e levando-se em conta os exíguos instrumentos de coerção, não se pode crer que o professor administre seus alunos na sala de aula por via da imposição absoluta de sua autoridade – a bem da verdade, seria esta uma atitude contrária ao preconizado por parâmetros educacionais atualmente. Em razão disso, o governo deverá ser exercido não de modo autocrático, mas compartilhado entre os discentes.

               Como nem todo alunos têm interesse em exercer papel de protagonismo junto a seus pares, a outorga de poder efetivamente ocorrerá apenas a um grupo. E dentro deste grupo, haverá aqueles cuja prevalência é inata; e os demais, os quais, embora não exibam esta mesma característica com mesma desenvoltura e independência, possuem em si mesmos capacidade e desejo de prevalência.

Inspirados por Maquiavel, compararemos os primeiros a barões, enquanto os últimos a ministros, conforme a passagem a seguir:

 

[...] os principados, cuja memória se conserva, foram governados de dois modos diversos: ou por um príncipe ajudado por ministros [...]  ou por barões [...]. (Cap. IV, O Príncipe, Maquiavel)

 

               Em resumo, de semelhante forma o nosso governo, na condição de docentes, deverá ser exercido não à maneira de um autocrata que baseia seu poder e autoridade em armas físicas ou psicológicas que amedrontam seus liderados, mas compartilhado entre os alunos que anseiam por isso em meio a seus colegas.

 

 

 

O Regente: 22 Lições de Maquiavel ao Professor. Editora Penalux, 2021.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Princípios de Eletricidade - Mural de Apresentações

Propagação do Som - Mural de Apresentações

Astros do Sistema Solar - Física