Esboço de propostas presentes na literatura

Tópicos a serem publicados no blog a respeito da Metodologia ABP:

  1. Introdução: Objetivos, Justificativa e fundamentação teórica.

  2. Esboço de propostas presentes na literatura.

  3. Modelo proposto a ser empregado na Escola Básica, mas especialmente no Ensino Médio.

  4. Aplicação do modelo para o trabalho de tópicos de eletricidade na 3º série do EM: Sequência didática.

  5. Aplicação do modelo para o trabalho de tópicos de eletricidade na 3º série do EM: Critérios avaliação ao longo do processo.

  6. Aplicação do modelo para o trabalho de tópicos de eletricidade na 3º série do EM: Resultados.

  7. Aplicação do modelo para o trabalho de tópicos de eletricidade na 3º série do EM: Conclusão.



2. Esboço de propostas presentes na literatura



Com respeito à metodologia ABP, Barrows afirma que representa uma metodologia de aprendizagem que tem por base a aquisição de novas informações a partir da solução de problemas.

Advertência: Esse método não pode ser entendido como qualquer tipo de ênfase à resolução de problemas teóricos ou experimentais com base numa teoria previamente trabalhada. Ao contrário, os procedimentos que o constituem assemelham-se ao que se observa na construção das ciências.

No tocante à implantação dessa metodologia, Finco reporta que a ABP iniciou-se na educação superior, especialmente nos cursos de medicina da Universidade de Maastricht, na Holanda, Universidade de Aalborg, na Dinamarca e Universidade de McMaster, no Canadá – esta última a precursora com a operacionalização do método no final da década de 60. Segundo consta, os desenvolvedores do programa na Universidade de McMaster se inspiraram em escritos do pensador chinês, Confúcio (500 a. C.), o qual adotava como prática de ensino a aprendizagem autodirigida, apenas ajudando seus discípulos a dirimir um problema depois de o terem devidamente considerado e tentado resolvê-lo.

Leite e Afonso propuseram um modelo cuja estrutura básica ocorre precisamente em quatro etapas, resumidamente descritas a seguir:


      1. Seleção, pelo professor, do contexto problemático importante o suficiente para gerar múltiplos problemas e questões que motivem e interessem aos alunos, ao mesmo tempo que organiza os materiais de consulta necessários a serem utilizados nas soluções dos problemas;

      2. Na segunda etapa, os alunos recebem o contexto do professor e, numa tentativa de compreendê-lo em sua inteireza, elaboram questões sobre o mesmo com base unicamente no conhecimento prévio de que dispõem. Em seguida, externalizam ao professor as questões por eles levantadas sobre o problema a fim de aferir a relevância de cada uma dentro do contexto, interdependências e ordenamento quanto às ações de busca da solução;

      3. Nesta fase, tendo ordenadas as questões levantadas com vistas à dissolução do problema, cumprirá aos alunos tecer as estratégias de apropriação das informações necessárias a serem obtidas nos materiais anteriormente disponibilizados pelo professor;

      4. Por fim, procede-se à síntese e avaliação do processo. Neste momento, professor e alunos refletem sobre a validade da solução encontrada.


De modo similar, muito embora procedimentalmente mais claro, Ribeiro arrola uma sequência de – conforme ele mesmo denomina – dez ciclos a serem percorridos a fim de se implementar uma unidade de ensino-aprendizagem nos ditames da metodologia ABP:


  1. Apresentação do problema a ser analisado pelos alunos divididos em grupos;

  2. Levantamento das hipóteses a respeito das causas do problema;

  3. Avaliação, pelos alunos, das hipóteses por eles mesmos levantadas, e tentativa de solução do problema com bases em seus conhecimentos prévios;

  4. Uma vez que não logrem êxito na solução, passam então a elaborar questões de aprendizagem de mesma natureza e com idêntica finalidade que as sugeridas na segunda das quatro etapas enumeradas por Leite e Afonso;

  5. Planejam o trabalho em grupo com base nas questões de aprendizagem elaboradas, de maneira semelhante ao que ocorre na terceira etapa de Leite e Afonso;

  6. Estudo independente conforme planificação das estratégias;

  7. Compartilhamento das informações obtidas de maneira autônoma com o grupo;

  8. Aplicação dos conhecimentos obtidos na resolução do problema;

  9. Apresentação da solução alcançada pelo grupo;

  10. Autoavaliação, avaliação do processo (feito pelos alunos) e de pares.


Esses modelos foram elaborados de forma a serem empregados no Ensino Superior. No próximo post pretendo apresentar o modelo para operacionalização na Educação Básica, particularmente no Ensino Médio. Antes, porém, sintamos uma brisa após esta pesada leitura:

Metodologia ABP

Devo ir à escola? Pergunta o menino.
É duro ir pra lá mesmo não querendo.
Textos confusos, cálculos abstratos,
nunca vou usar. Para que os aprendo?

Toca o sinal, inicia-se a aula
materiais à mesa.
Enquanto o mestre fala
me disperso, nada compreendo;
só balanço a cabeça.

Por mais que eu tente entender alguma coisa
do que se está a falar,
em minha cabeça ganha força a certeza:
“Este não é o meu lugar”.

É muito surreal o que se passa na escola.
O que me perturba,
não o querem saber;
o que não me toca
insistem-no em dizer.

É por isso que existe, diz o professor,
um método de ensino
que vai te tornar,
preste atenção, meu caro menino.

Protagonista do próprio saber,
corajosamente eu hei de falar.
Por mais que se diga: “Tenha cautela”.
Você mesmo irá confirmar.


Do teu aprendizado, ouça-me bem
serás o senhor.
A menos que, de bom grado,
se torne refém
do acolchoado torpor.

Se, porém, deseja aprender
colocar-te-ei defronte um problema.
Farás, com ele, o longo percurso
segundo as nuances
de um dado esquema.
O qual por ora não lhe direi
é demasiado grande p’ra esse poema.

Mas se desejar um dia saber
o que agora lhe oculto,
acompanhe o meu blog,
pois é cá onde eu posto
todo esse conteúdo.

 



Referência

SOUZA, R. B. de; DRABESKI, R. G. .; PEREIRA, C. A. Conceitos de eletricidade trabalhados segundo a metodologia de aprendizagem baseada em problemas. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 8, p. e659986208, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i8.6208. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/e659986208. Acesso em: 26 ago. 2020.


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