Acaso indisciplina apetece professor?

 

Prólogo

            Na oportunidade dessas postagens, por vezes alternadamente à abordagem de tópicos voltados com maior ênfase ao Ensino (área a que endereçaremos o tratamento de teorias e metodologias de ensino-aprendizagem), volvendo-nos a atenção à temática da Gestão de alunos teceremos comentários sobre passagens específicas do livro (In)Disciplina, de Celso dos S. Vasconcellos (2016).

            Enquanto o conteúdo das considerações não se preocupará com justificativas para além de aspectos extraídos da opinião daquele que vos escreve tecidos segundo uma lógica e sensatez minimamente aceitáveis, a forma transluzirá uma tentativa de compreensão do ponto de vista do autor do livro mesclada com a perspectiva do autor desse blog, ora distanciando ora afastando-me como é natural em qualquer diálogo entre duas pessoas.

 

Acaso indisciplina apetece professor?

 

“Geralmente, disciplina é entendida como adequação do comportamento do aluno àquilo que o professor deseja. Só é considerado disciplinado o aluno que comporta-se como o professor quer.” (p. 47)

 

            Partindo-se do pressuposto de que o professor não almeja outra coisa senão o aprendizado dos seus alunos, que se tornem sujeitos responsáveis, atuantes na sociedade, e considerando que os alunos normalmente não apresentam muita disposição para o estudo, para o trabalho intelectual, é natural que o professor deseje em sua sala de aula no mínimo ordem e organização, alvos da disciplina a qual tanto se esforça em estabelecer.

            Sucede que o autor, em tom de crítica, aponta como senso comum – o infame senso comum, sempre equivocado e ultrapassado aos olhos dos intelectuais – justamente esse conceito de disciplina, vale repetir, de que é entendida como adequação do comportamento do aluno àquilo que o regente quer. Ora! Poderia ser de outra forma? Como o professor, ciente de seu papel junto à sociedade, e de suas habilidades – haja vista ter se preparado para o exercício do magistério, não caindo ali de paraquedas – não poderia querer sequer um ambiente propício para que todos possam aprender? Prosseguindo a exposição, assinala o autor: “É frequente o desejo do professor que o aluno fique quieto, ouça as explicações que tem para dar, faça direitinho os exercícios e pronto” (p. 47). Desde que a quietude não seja absoluta – algo que professores compromissados com o aluno repudiam na mesma medida que o fazem com a desordem - não seria este um desejo legítimo?

 

Vasconcellos, Celso dos Santos. (In)Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola, 20ª ed. São Paulo: Libertad Editora, 2016. – (Cadernos Pedagógicos do Libertad; v. 4)

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